A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.
Os sinos têm dobres de agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal...
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias...
A minha Dor é um convento. Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!
Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém ouve...ninguém vê...ninguém...
*Florbela Espanca*
4 comentários:
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a minha dor é uma agonia.
Já te coloquei entre os meus favoritos...poesia, literatura, música, cinema, arte e paixão: alimentos para a vida, para a alma.
Há de se entender a dor para se entender a si mesmo, como metáfora, como possibilidade. A dor é identificação sempre. Boa semana para sua alma.
Ps. Adoro Florbela Espanca - ela sempre foi tradução de algo para mim.
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