segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Libação


É do nascedouro da vida a grandeza.
É da sua natureza a fartura, a proliferação, os cromossomais encontros, os brotos,
os processos caules, os processos sementes, os processos troncos, os processos flores, são suas mais finas dores.
As consequência cachos, as consequências leite, as consequências folhas, as consequências frutos, são suas cores mais belas.
É da substância do átomo, ser partível produtivo, ativo e gerador
Tudo é, no seu âmago e início, patrício da riqueza, solstício da realeza.
É da vocação da vida a beleza e a nós cabe não diminuí-la, não roê-la com nossos minúsculos gestos ratos, nossos fatos apinhados de pequenezas,
cabe a nós enchê-la, cheio que é o seu princípio.
Todo vazio é grávido desse benevolente risco.
Todo presente é guarnecido do estado potencial de futuro.
Peço ao ano-novo, aos deuses do calendário, aos orixás das transformações: nos livrem do infértil da ninharia, nos protejam da vaidade burra, da vaidade "minha", desumana, sozinha.
Nos livrem da ânsia voraz daquilo que ao nos aumentar nos amesquinha.
A vida não tem ensaio, mas tem novas chances.
Viva a burilação eterna, a possibilidade, o esmeril dos dissabores!
Abaixo o estéril arrependimento, a duração inútil dos rancores.
Um brinde ao que está sempre nas nossa mãos:
a vida inédita pela frente e a virgindade dos dias que virão"


*Elisa Lucinda*

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